Luara AndradeTexto escrito por: VERA PAPISOVA
Dez minutos em um armário do SoulCycle com a improvável referência de bem-estar, Shawn Mendes.
Depois de uma batalha pessoal contra a ansiedade, Shawn Mendes começou a trabalhar em si mesmo – e se tornou um embaixador pronto para todas as coisas da consciência e sustentáveis. A GQ se juntou a ele para falar sobre meditação, saúde mental e o poder de um bom choro.
Se você tiver a chance de se sentar com Shawn Mendes em um minúsculo armário nos fundos do SoulCycle, no centro de Manhattan, notará duas coisas. Primeiro, ele não quebra o contato visual. Em segundo lugar, apesar dessa intensidade, sua presença é extremamente tranquila e calmante. Considerando que o jovem de 23 anos, três vezes indicado ao Grammy, passou por uma luta com a ansiedade que quase acabou com a sua carreira nos últimos anos, ele tem muito controle emocional. O que quer que ele esteja fazendo, realmente parece estar funcionando – e, na verdade, ele quer contar a você tudo sobre isso.
“Minha jornada pessoal de bem-estar começou há alguns anos, quando eu estava passando por um momento realmente sombrio”, disse ele à GQ pouco antes de um evento focado em sustentabilidade realizado pela SoulCycle e a água Flow no final do mês passado. “Eu estava tão ansioso que não conseguia mais cantar. Estava tudo na minha garganta, o que muitos homens passam. Frequentemente, passamos por essas emoções como tensão em nossas costas, pescoço e dor em nosso corpo. Eu não conseguia mais cantar e sempre tive uma queda por desistir. Eu não queria desistir.”
“Isso foi há dois Grammys atrás”, diz ele. “E eu estava neste lugar escuro, e eu tinha que fazer algo. E eu estava descontando em outras pessoas, como em meus relacionamentos. Eu não queria ser essa pessoa. Então, comecei a ler. Comecei a meditar e registrar tudo em um diário. Trabalhei com um treinador, Jay Shetty ”, um ex-monge que se tornou autor de best-sellers e uma estrala nas mídias sociais.
Ele se estabeleceu em uma rotina de práticas que funcionou para ele, começando com meditação matinal e exercícios respiratórios e uma regra estrita de nenhuma rede social até 11h da manhã. “Meu objetivo é conseguir me sentir calmo e bem”, diz ele. “Eu faço algo chamado de método Wim Hof, que realmente mudou minha vida de várias maneiras. Ele assume o controle do seu sistema nervoso parassimpático e o acalma e permite que você comece do zero e pense direito. E é meditação, está estabelecendo limites, e me responsabilizando por minha própria mentalidade e saúde mental, e certificando-me de manter fazendo essas coisas diariamente”.
Sua jornada pessoal agora se transformou em uma batida constante de parcerias corporativas. Em janeiro, a Apple lançou um programa chamado “Time to Walk” incentivando os usuários do Fitness + a darem uma caminhada como uma prática de cuidarem de si, com histórias, fotos e música de Mendes, Dolly Parton e Draymond Green. E em maio, Mendes e sua namorada, Camila Cabello, lançaram uma colaboração com o aplicativo de meditação Calm, que consiste em uma série de 24 sessões chamada “Breathe Into It”, onde eles falam sobre como controlar sua ansiedade.
Ele diz que parte de sua jornada foi descobrir seu propósito, como usar sua plataforma com impacto massivo para trazer a consciência das pessoas para a sustentabilidade ambiental. “É muito importante para mim ter um estilo de vida sustentável”, diz ele. “Uma coisa que acabei de aprender é que a indústria da moda é uma das maiores poluidoras do mundo, então estou realmente tentando superar a besteira de que você não pode usar sua roupa mais de uma vez, então eu tenho voltado a vestir roupas que já usei e a comprar peças vintage”.
Em janeiro de 2021, a Chipotle lançou o Shawn Mendes Bowl baseado em couve-flor, onde a Chipotle doou um dólar a cada prato vendido para a Fundação Shawn Mendes para “capacitar jovens criadores de mudanças que têm impacto na sustentabilidade”. E em abril de 2021, ele lançou sua última campanha com a água Flow, uma marca canadense de água embalada em papelão ecológico em vez de plástico. (Mendes se tornou um investidor da Flow em 2019). No evento SoulCycle, ele ajudou a anunciar que a cadeia de fiação se tornaria neutra em carbono em 2024 e que sua última coleção de roupas seria feita de algodão orgânico.
O trabalho continua. Ele diz que sua descoberta mais recente envolvia o complexo de mocinho, que o levou a ser um “cara mau” em seu relacionamento. “A mais recente grande descoberta emocional que tive foi perceber que tinha esse complexo de mocinho que muitos homens têm”, diz Mendes. “Como muitos homens, sinto uma pressão para ser um cara bom, quero ser um cara bom e, nos momentos em que estou traindo isso, percebi que ainda estava fazendo isso sobre eu mesmo, me defendendo e me explicando. Eu estava ocupando mais espaço para me explicar, em vez de criar espaço para a pessoa que eu estava machucando, minha namorada. E ao tentar ser o mocinho, acabei sendo o vilão. Foi um grande avanço”.
Esse tipo de abertura emocional se tornou um tema famoso entre atletas e celebridades homens, um movimento difuso para desafiar as noções tradicionais de masculinidade. A próxima fronteira da saúde dos homens parece envolver o domínio da mente, e para Shawn Mendes isso começa cercando-se das pessoas certas.
“O bem-estar emocional realmente tem a ver com vulnerabilidade”, explica Mendes. “Sentir-se como se estivesse perto de pessoas que permitirão que você expresse o que sente. É muito importante ter um grupo de homens que vai deixar você falar sobre isso”.
De acordo com Mendes, seu hit de 2020, “Wonder”, que trazia a letra “quando eu choro em minhas mãos//estou condicionado a sentir que isso me torna menos homem”, aparentemente levou todos os caras de sua vida a procurá-lo em particular para falarem que eles se sentiam da mesma maneira. “Cada homem na minha vida me disse algo sobre essa parte da música, mas em particular”, diz ele. “Não publicamente, o que mostra como os homens podem se sentir desconfortáveis em expressar o que sentem.”
O choro deve fazer parte da rotina de bem-estar de todo homem? Sim, de acordo com Mendes, mas eles podem ter que trabalhar nisso. “É muito, muito difícil para alguns homens chorar”, diz Mendes – incluindo ele. “Vou sentar lá em uma terapia profunda e meus olhos vão lacrimejar, e vou sentir um nó na garganta, e ainda é muito difícil ir lá, mesmo quando você está tentando. Eu só consigo chorar a cada quatro meses, e é como uma grande liberação física quando isso acontece”. Ele pode fazer parecer fácil, mas os caras estão batalhando muito: “Estamos lutando contra milhares de anos de condicionamento”, diz ele. “É importante dar aos homens um espaço realmente seguro para sentir que podem expressar suas emoções. E isso requer tempo e paciência, porque não é apenas uma questão de eles quererem chorar ou não.”
Tradução adaptada: Equipe SMBR.
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