Nesta quinta-feira (29/11) foi lançada uma entrevista do cantor Shawn Mendes para o podcast Under Cover da plataforma Spotify. O canadense fala sobre covers, especialmente o da música Use Somebody e sua paixão por Kings of Leon. Confira:
No estúdio você é forçado a prestar atenção nos pontos específicos da música, e você fica focado apenas naqueles detalhes e meus fãs pensam “o mesmo cara que escreveu todas essas musicas não consegue pensar numa boa legenda para uma foto do instagram,” e não consigo pensar em nada legal (para a legenda) porque quando eu estou no estúdio fico 15 horas pensando somente naquelas 3 palavras da música..
Quando você está fazendo um cover, acho que a coisa mais importante é pensar em algo que te destaque e não fazer alguma coisa que pareça errado para você. O que eu quero dizer com isso é, achar alguma coisa que você possa interpretar musicalmente e liricamente, algo em que você realmente acredite e ame. E muitas vezes quando estou fazendo algum cover desejo que aquela música seja minha, então a trato como uma minha e sempre toco repetindo quantas vezes achar necessário até eu sentir que aquela música era minha. Acho que essa é a chave. Quando você faz um cover e deixa claro que é uma música de outra pessoa, por que as pessoas iram se importar? Você tem que fazer como se fosse uma música sua.
O mais legal pra mim é poder fazer covers antigos e ter fãs perguntando “você fez essa musica?” e eu digo que “na verdade, essa musica é antiga e famosa” e eles descobrem o quão incrível a música é, porque me lembro da primeira vez que escutei tal música e o quanto ela me deixou chocado. E no passado, quando eu tinha 15 anos, não pensava que o artista poderia escutar ao meu cover mas agora penso que tenho que deixar a música incrivelmente boa porque o artista pode escutar ela e eu espero que ele/a gostem. Você quer deixar a música parecida com você mesmo mas ao mesmo tempo dizer “olha, essa musica é incrível, você arrasa, ela é sua e muito obrigada por fazer-lá.”, então existe uma balança seria entre essas duas visões.
Eu amo Kings of Leon, e eu conhece eles super bem porque o meu segurança trabalhou com eles durante muito tempo e eles são caras incríveis, os shows deles me inspiram e me forçam a acrescentar coisas que faço no palco, sou muito grato por isso.
Descobri “Use Somebody” em 2008 quando a música foi lançada, foi a minha música favorita do ano e continuou sendo uma das minhas musicas favoritas dos últimos tempo. Mas foi ano passado que a chama dessa musica se ascendeu em mim novamente e quis fazer ela no palco, o que me trouxe até aqui hoje.
Pra mim, o primeiro verso, o segundo que o primeiro verso começa a tocar a melodia é tão vibrante e exatamente o que ele diz te prende na música imediatamente. Isso é uma das coisas mais importante pra mim quando estou escrevendo minha musicas, em termos de memória e sentimentos que essa musica capta é do jeito mais simples “eu poderia usar alguém agora” e isso é muito bonito. É uma música muito boa e é um clássico, isso é engraçado porque não é uma música velha mas é clássica. Quando você começa a tocar essa música em 2018, as pessoas lembram exatamente onde e com quem elas estavam quando elas escutaram essa musica pela primeira vez. E deixa as pessoas animadas como se você estivesse tocando uma música do Queen, é difícil comparar desse jeito mas é exatamente como eu vejo as pessoas se sentindo. É como na vida real quando alguém significa muito pra você e te deixa fraco, e as vezes é bom não ter controle quando se trata de amor, se é que isso faz algum sentido.
O arranjo da música original é pra cima e bem rock com guitarras elétricas e baterias, e o que eu quero tentar fazer com a minha versão é quebrar essa energia e deixar mais acústica. Deixar a letra e o vocal brilharem. Porque acho que a melodia é tão marcante que posso deixar ela mais calma e acústica. Eu tenho um piano, mas ele não é acústico como esse. Tem algo especial em sentar em frente a um piano acústico que te faz querer tocar duas vezes mais do que você tocaria um teclado. Moro num apartamento em Toronto e não tem muito e não tem muito espaço lá, acho que vou colocá-lo (piano) na sala de estar, até porque quem se importa? O piano está lá e é para ser tocado.
Minha abordagem para fazer um cover da música foi tentar imitar o que fazemos ao vivo, queria ter aquela sensação íntima e acústica entre a letra e a melodia e deixar a música grande sem precisar adicionar uma bateria pesada e guitarras elétricas. Tentei fazer isso com uma produção mais cinemática e metódica entre os versos. Zubin, quem me ajudou com a faixa, fez um ótimo trabalho em conseguir unir tudo isso. E usamos dois vocais para os “ohs” e nos refrões para deixar mais moderno, diferente e interessante. O objetivo era não imitar ao que King of Leon faz ao vivo.
A verdade é que a parte mais difícil do cover foi simplesmente cantar, porque é uma música bem difícil de cantar. Essa musica significa muito pra mim e eu sabia que ficaria chatiado comigo mesmo se eu não colocasse toda a emoção como se fosse uma música minha. Demorei algumas horas no estúdio para conseguir passar essa emoção verdadeira com a minha voz. Essa foi a parte mais difícil.
O que é bonito sobre a música no geral é criar algo que significa muito para você e quando todo mundo escuta essa musica está aberto para interpretação e como eles vão digerir a música e o conceito é descobrir o que isso significa para eles mesmo
Ouça o áudio original clicando aqui.